Considerado o momento de exaltação da literatura, o romantismo põe fim a uma tradição de séculos transformando o tema das obras e o perfil de leitura. Como vimos em sala, o Romantismo é um estilo de época que surgiu no século XIX e teve as obras caracterizadas pela individualização das maneiras de composição dos textos. O social, os sentimentos, a liberdade pessoal e a pátria são um dos assuntos mais abordados pelos autores românticos. Além disso, o mundo na visão do Romantismo é marcado pela idealização e uso de figuras de linguagem. Podemos observar a ideologia desse estilo de época no seguinte poema de Álvares de Azevedo:
É ela! É ela! É ela! É ela!
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.
Dessas águas furtadas onde eu moro
eu a vejo estendendo no telhado
os vestidos de chita, as saias brancas;
eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido,
nas telhas que estalavam nos meus passos,
ir espiar seu venturoso sono,
vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
um bilhete que estava ali metido...
Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores;
são versos dela... que amanhã decerto
ela me enviará cheios de flores...
Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! é ela! — repeti tremendo;
mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!
É ela! é ela, meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.
Dessas águas furtadas onde eu moro
eu a vejo estendendo no telhado
os vestidos de chita, as saias brancas;
eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido,
nas telhas que estalavam nos meus passos,
ir espiar seu venturoso sono,
vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
um bilhete que estava ali metido...
Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores;
são versos dela... que amanhã decerto
ela me enviará cheios de flores...
Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! é ela! — repeti tremendo;
mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!
É ela! é ela, meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!
Ao fazer a leitura desse poema, notamos a presença da mulher, que é uma figura constante nas obras de Álvares de Azevedo. No poema em questão, a imagem feminina é simbolizada pela lavadeira, uma forma de denunciar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, reportar a imagem da mulher ao modelo materno. Além disso, o conjunto das estrofes acima transcritas, revela e melancolia. Esse sentimento é reforçado pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada. A figura da lavadeira no poema é a de uma mulher que não se pode possuir. Dessa maneira, o poema afasta a possibilidade de concretização do ato sexual, confirmando a idealização da mulher no período romântico.
Fontes:
Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima
Muito bom!
ResponderExcluirE não só nos poemas de Álvares de Azevedo mas em outros também, a figura da mulher é idealizada de uma forma inalcançável e bem marcante, característica do romantismo.
ótimo.
Raquel de Paula
Ficou muito mais fácil entender o romantismo,com esse ótimo resumo e belo poema.
ResponderExcluirPS: Design do blog ficou maneiro 8D
Por: Davidson Marcel ^~
Assim é mais legal, o romantismo é retratado como uma coisa mais bela, além do poema ser muito bom
ResponderExcluirBy.: Lipuxu - Filipe Vaz
Como Raquel mencionou, no romantismo a mulher é retratado como anjos, como algo muito belo e alcançável
ResponderExcluirBy.: Lauruxinhu - Lauro filho
Cheguei a este blog depois de observar as estatísticas de meu blog Conversa de Português. Fico feliz por ele ter servido como fonte de pesquisa aos alunos; peço, no entanto, a correção dos dois links indicados no texto http://conversadeportugues.com.br/2010/08/um-pouco-mais-de-romantismo/ e http://conversadeportugues.com.br/2010/08/qual-e-a-duvida-romantismo/
ResponderExcluirqual o nome dessa arte ?
ResponderExcluirqual o nome dessa arte ?
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