Generalizando pode-se dizer que a natureza nas obras do Arcadismo (estilo literário anterior ao Romantismo) é retratada sem vida, com um papel secundário e alheio aos sentimentos do homem. Teoricamente, foi no Romantismo que a relação expressiva entre o ser humano e a natureza se consolidou. O fragmento seguinte retirado do poema Canção do Exílio (já utilizado em uma postagem mais antiga), do autor Gonçalves Dias, demonstra essa interação com a paisagem de maneira direta porque é através da mesma que o eu-lírico descreve e exalta o Brasil:
Canção do Exílio (fragmento) Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Porém alguns textos, considerados árcades pelo período histórico em que foram produzidos, trazem a natureza com uma posição de destaque e não apenas como um simples pano de fundo. Um exemplo é O Uraguai, poema épico de 1769 de Basílio da Gama, que critica drasticamente os jesuítas e tem o enredo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro. Neste fragmento do poema, a natureza parece anunciar o evento trágico que vai ocorrer e de certa forma, se envolve com esse acontecimento. Esse provável anúncio feito pela natureza é visto principalmente nos primeiros versos:
A morte de Lindóia (Canto IV – primeiros versos)
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe.
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe.
Fonte:
Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima
o texto a canção do exilio é um dos meus textos favoritos principalmente o primeiro trecho.
ResponderExcluirVyctor chagas
Muito bom vocês reforçaram o que a gente vê a cada semana de aula. Fixa melhor o tema. Postem tbm sobre a personagem feminina no romantismo.
ResponderExcluirótimo.
Raquel Zárate.
Nos poemas românticos é bastante notável a presença e a "exaltação" da natureza.Ela é como uma ferramenta que ajuda o eu lírico a descrever seus sentimentos,ou melhor,é um complemento para sejam "concretizados" e melhor interpretados pelo leitor.As figuras de linguagem podem garantir o seu espaço no poema ajudando no processo de interpretação e passando mais do que palavras,dando uma ideia de intensidade para que os sentimentos sejam mais explicados e que também sejam compartinhados com o leitor.No poema de Gonsalves Dias,"Canção do Exílio",há alta carga dramática e lírica,com métrica,musicalidade e ritmos perfeitos!Podemos perceber no próprio título,que a palavra "canção" é empregada pelo autor,isto significa que a poesia de Dias é semelhante ou aproximada a música e,quem tem mais conhecimento sobre os aspectos utilizados por Gonsalves,nota que ele cometeu propositalmente um erro de prosódia com o vocábulo "aves",da primeira estrofe,apenas com a finalidade de não "quebrar" o ritmo de sua poesia.
ResponderExcluirP.S.:Boa postagem!É sempre bom adquir mais conhecimentos sobre os assuntos dados em sala de aula,principalmente quando esses assuntos ajuda-nos a despertar o nosso raciocinio para que possamos aprender ou exercer a nossa capacidade de interpretar.
Guilianne Morón
Aqui vai uma sujestão de poesia,que retrata a figura femimina como algo inalcançável,para que seja postado aqui no blog:Ainda uma vez - Adeus!De Gonsalves Dias.Esse é uma poema em que o eu lírico refere-se à amada como se ele não pudesse alcançá-la,isto é,ele não é correspondido pelo seu amor para com ela.
ResponderExcluirP.S.:Acho importante que essa poesia seja postada porque através dela pode-se analizar outro tipo de poesia romântica em que a natureza não é destacada!
Guilianne Morón
Gonçalves Dias, um ótimo romancista e o que trouxe o romantismo para o Brasil. Esse poema dele é muito interessante, como mostra exatamente as características do romantismo: a liberdade de escrever sem formalidades facilitando a interpretação hoje, mostrando aspectos naturais daqui do Brasil e ele ainda coloca o sentimento de saudade também característica do romance.
ResponderExcluirMuito bom, o 2º trecho é o que eu mais gosto
ResponderExcluirBy.: Lipuxu - Filipe Vaz
Adoro o hino, muito bom o post ^^
ResponderExcluirBy.: Lauruxinhu - Lauro BRITO ¬¬
Nos poemas de romantismo noto muito a natureza e as formas como os autores utilizam a sua imagem e fazem comparações
ResponderExcluirCarolina Gomes
sempre exemplo de poema romântico que expressa saudade e exaltação da natureza na vida no autor! Gonçalves Dias faz isso nesse primeiro trecho. Característica muito importante do Romantismo.
ResponderExcluirDébora