terça-feira, 31 de maio de 2011

Concepções de Memória

                 As obras memorialistas têm o objetivo de descrever e apresentar fatos que fazem parte das lembranças de um determinado indivíduo. Essas lembranças, naturalmente, não seguirão uma ordem cronológica e não terão uma dimensão realista. Se considerarmos como exemplo um trauma de infância, o protagonista desse acontecimento acredita que o período de duração desse fato foi muito grande, mesmo que só tenha ocorrido em segundos. As memórias também têm a característica de mostrar apenas o ponto de vista da pessoa que está descrevendo o fato. Além disso, nos textos que se colocam lembranças pode-se criar, exaltar e exagerar situações, organizando o que se quer dizer e como se quer dizer.
                 Na literatura, as obras de cárater memorialista são fundamentais para a persuasão  dos  leitores e para criação de certos efeitos no texto. A novela O bom ladrão de Fernando Sabino e o romance Dom Casmurro de Machado de Assis, confirmam o poder das memórias porque o narrador- personagem conduz quem lê a acreditar no seu ponto de vista. Isso ocorre pelo fato das situações  que  são apresentadas se construírem  na confirmação do é sentido e apontado por esse narrador. O memorialismo e a presença de um narrador personagem fazem os textos construídos a partir de lembranças ganharem um "ar de mistério" por apresentarem uma visão parcial dos fatos. A construção de textos memorialistas se faz a partir de algum sentimento importante para quem escreve as lembranças, ou seja, algo no presente faz com que se tenha vontade de descrever um fato que já passou. Abaixo estão as primeiras estrofes do poema Meus oito anos  de Casimiro de Abreu, em que se nota a importância para o eu-lírico em relembrar a infância,  e  o começo da novela O bom ladrão, em que o narrador expõe de onde surgiu a motivação para contar sua história:

Meus oito anos
                     
Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
 [...]

"Ultimamente ando de novo intrigado com  o enigma de Capitu. Teria ela traído mesmo o marido, ou tudo não passou de imaginação dele, como narrador? Reli mais uma vez o romance e não cheguei a nenhuma conclusão. Um mistério que o autor deixou para a posteridade. O que me faz pensar no meu próprio caso. Guardadas as proporções - pois não se trata de nenhuma traição de Isabel - , o que foi que houve realmente entre nós dois? Onde estaria  a  verdade?"

            Livro O bom ladrão, Fernando Sabino. Editora Ática, 1996. Página 9

Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima             

Lost Things!

     O vídeo acima é feito em Stop Motion, com a participação de A Fine Frenzy, uma cantora norte-americana de rock alternativo. Essa animação foi inspirada em Alice no País das maravilhas e foi dirigida por  Angela Kohler.


Postado por: Rebeca Miranda


P.s.: A minha internet estava fora do ar, por isso esta postagem não pode ser efetuada ontem.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Meus Oito Anos

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar

O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
[...]  
Casimiro de Abreu

Por: Maria Luíza Alves de Medeiros

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Gonçalves Dias

Sei que todos já leram esse texto porque está no nosso livro de literatura mas gostaria de coloca-lo para discutirmos e analisarmos melhor. 

Gonçalves Dias: um projeto de cultura brasileira

               "Filho de um português e de uma cafusa, Gonçalves Dias (1823-1864) fez seus primeiros estudos no Maranhão, seu estado natal, e completou-se em Coimbra, onde cursou direito. De volta ao Brasil, em 1845, trouxe em sua bagagem boa parte de seus escritores. Fixou-se no Rio de Janeiro e ali publicou sua primeira obra, Primeiros cantos (1846), seguida por outras publicações, como Segundas cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848), Ultimos cantos e os timbiras (1857). Fez várias viagens pelo país, incluindo a Amazônia, e chegou a escrever um Dicionário da língua tupi.
                Gonçalves Dias, buscando captar a sensibilidade e os sentimentos do nosso povo, criou uma poesia voltada para o Índio e para a natureza brasileira, expressa numa linguagem simples e acessível. Seus versos, tais como os de sua “Canção do exílio”, são melódicos e exploram métricas e ritmos variados. Cultivou também poemas religiosos, de fundo panteísta, que falam da manifestação de Deus na natureza
                 Sua obra poética inclui os gêneros lírico e épico."

Postado por: Sílvia Claudino Martins Gomes

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dica de Filme: Maria Antonieta



Nome Original: Marie Antoinette
Ano de Lançamento: 2006
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Steve Coogan, Judy Davis.
Roteiro: Sofia Coppola
Produção: Sofia Coppola e Ross Ratz
Trilha Sonora: Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin
Fotografia: Lande Acord
Direção de Arte: Anne Seibel
Figurino: Milena Canonero
Distribuidora: Columbia Pictures 
Gênero: Drama
Duração: 123 minutos
Sinopse: A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada ainda adolescente à França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não pode mais esperar para explodir.



A propósito, esse filme está ligado a Monarquias Nacionais (assunto da última prova de História).




Postado por: Mariana Cunha

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os Sofrimentos do Jovem Werther - Goethe

Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, marca o início do Romantismo na Europa. A narrativa é feita a partir de cartas de Werther ao seu amigo Wilheim, que relatam seu dia-a-dia com a sua chegada a um vilarejo alemão.
Em um baile organizado no vilarejo, Werther conhece a encantadora Charlotte, por quem perdidamente se apaixona e acaba criando uma forte amizade, porém não contava que sua amada estivesse noiva do inteligente Albert. Mesmo assim, ele passa a visitá-la  com freqüência e quando seu noivo regressa, Werther torna-se grande amigo dele.
Uma grande característica da 2° geração do Romantismo, passa a ser explícita nessa altura da narrativa: o crescente pessimismo que passa a assolar Werther, no qual ele se vê em uma situação difícil e sem a menor esperança do amor não correspondido pela amada.
Charlotte, já casada, se vê dividida entre o dever de esposa digna e fiel com Albert, e de grande amiga com Werther, por quem tinha uma profunda admiração e via como um irmão.
Os traços alegres da jovialidade de Werther já não existiam, a depressão lhe invade até que ele se torna um homem desprezível e sombrio, que vê o suicídio como sua única saída. Nas vésperas de Natal, ele faz uma visita a Charlotte que o recebe seriamente determinada a afastá-lo.
Werther, revoltado, escreve uma última carta, dessa vez destinada a Charlotte, aonde revelava o seu destino: o suicídio.

Características do Romantismo na Obra

 
Na obra autobiográfica de Goethe, as características do movimento Romântico são bastante explícitas. Lembrando que a obra pertence a 2° geração do Romantismo.

O Subjetivismo:

“Tenho tanto!. E o sentimento que tenho por ela devora tudo. Tenho tanta coisa, mas sem ela tudo para mim é como se não existisse.” (27 de Outubro de 1772, à tarde)

A Idealização da Mulher:

“Jamais ousarei dar um beijo em seus lábios, onde pairam os espíritos do céu!” (24 de Novembro de 1772)

A Natureza interagindo com o Eu Lírico:  


“E desde então, o sol, a lua e as estrelas podem continuar a brilhar, porém eu mais não sei quando é dia e quando é noite; o universo inteiro não mais existe para mim”. (19 de Junho)

Quem possuir interesse em ler a obra, eu a encontrei apenas disponível para download: Os Sofrimentos do Jovem Werther.

Postado por: Laís Costa Guerra

terça-feira, 24 de maio de 2011

A personagem feminina no Romantismo

               Como já tratado em outras postagens, o Romantismo foi constituído por obras que retratavam o subjetivismo, tendo como um dos assuntos mais frequentes a mulher. No primeiro momento do romântico, a figura feminina é vista como algo distante, idealizado e até mesmo elevado à perfeição. Isso se confirma através desta poesia indicada por Guilianne de autoria de Gonçalves Dias :

Ainda uma vez, adeus (Fragmento)


Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
                      II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
                      III
Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esperança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!

[...]
                
                 Nota-se nessa poesia que a mulher é retrada como algo que foi distanciado do eu-lírico e que ela está em um grau de elevação, visto principalmente no uso do termo "Curvado aos teus pés". Posteriormente, o Romantismo adquire um estilo mais maduro em relação a visão da mulher. Atitudes ingênuas e idealizações são esquecidas e a figura feminina participa ativamente da experiência amorosa. A mulher passa a ser retratada de maneira sensual e é visível que a mesma sabe  da sua sensualidade, uma vez que em diversos momentos ela a usa como forma de conquista do amado. A representação da mulher mudou conforme a essência romântica mudou. Isso ocorreu porque as gerações de escritores românticos passaram a se aproximar da realidade cada vez mais. Seguem fragmentos de uma poesia de Castro Alves,  em  que a mulher é descrita como um ser corporificado e que usa sua sensualidade:

Boa-noite
 
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:

"É noite ainda em teu cabelo preto..."
É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
[...]


Abaixo estão os links para quem quiser ler  as poesias completas, respectivamente:

http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0107.html

Fonte: Livro Português Linguagens, William Roberto Cereja e Tereza Cochar Magalhães - Ensino Médio. Páginas 229 a 235 

Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima


P.S. Espero ter atendido bem a solicitação de Raquel e de Guilianne. Quem quiser sugerir algum tema para postagem pode pedir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Errata!

Gostaria de informar que Belezas perigosas e Anjos Rebeldes não são filmes, e sim livros da autora Libba Bray, como informado no post anterior. :D
Postado por : Rebeca Miranda

Libba Bray

A autora de romances para adolescentes Libba Bray, encanta com sua levesa e naturalidade na hora de escrever. Libba nasceu no Alabama em 11 de março de 1964 e está viva até hoje. Suas obras mais famosas são : Belezas Perigosas, Anjos Rebeldes e The Sweet far thing ( sem tradução para portugues ainda) da trilogia Gemma Doyle. Os três livros tratam de uma garota ,chamada Gemma Doyle, dotada de um dom especial: ela tem visões. Gemma vive no século XVIII compartilha aventuras incriveis e mistérios espantosos, vivenciados em cavernas secretas. Libba Bray vive hoje em Nova Iorque com seu marido e filho. 


Seu site conta com livros, autobiografia e um journal escrito pela própria: http://libbabray.com/


Sinopse de Belezas perigosas: Um incômodo dom sobrenatural é a sua herança? Visões do futuro que têm o desconfortável hábito de se tornarem realidade. Longe de ser uma jovem inglesa bem-educada, como preza a sociedade, Gemma Doyle é mandada para a Academia Spence, em Londres, após a tragédia que acometeu sua família. Um intrigante rapaz ainda tenta alertá-la para fechar sua mente para tais visões. É lá, porém, que, em meio à culpa e à solidão que a consomem, ela irá se dar conta do seu poder e descobrir, envolvendo-se com as garotas mais poderosas da escola, a ligação de sua mãe com um misterioso e muito antigo grupo, intitulado a Ordem. Este é o monte de Belezas perigosas, primeiro volume da trilogia Gemma Doyle, da autora Libba Bray.







Sinopse de Anjos Rebeldes: A heroína de Belezas perigosas está de volta em mais um romance arrebatador. Segundo volume da trilogia Gemma Doyle, ambientada na Londres de 1895, Anjos rebeldes mostra a jovem que costuma ter incômodas visões do futuro de férias da Academia Spence. Mas sua temporada fora da tradicional escola para moças não será como a das garotas comuns. Ela terá que decidir entre aceitar o seu dom sobrenatural ou ignorá-lo e tentar levar uma vida normal. Será, no entanto, a escolha mais forte que o destino?









Postado por : Rebeca Miranda

sábado, 21 de maio de 2011

O telefonema

- Alô! É do CRV?
-­ Aqui é o Centro de Resgate a Vida, vinte e quatro horas no ar para oferecer apoio e divulgar o amor á vida... Qual é o seu problema?
-... Eu...
- Se for desânimo tecle 1...
- Eu quero me suicidar, mas não escolhi a forma...
- Se for desilusão amorosa, tecle o 2...
- Não, eu quero acabar com minha vida!
- Se for problema financeiro, tecle 3...
-... E quero saber qual a forma menos dolorosa...
- Se for angustia por ter sido traído, tecle o 5...
- Cianureto... Como adquiro cianureto?
- Se for depressão, tecle o 6.
-... Mas também pode ser tiro... Dói muito?
- Se for brincadeira de quem não tem o que fazer, tecle o 8...
- Acho que vou pular de um edifício...
- Se quer voltar ao menu principal, tecle o 9... E obrigado. O CRV agradece o seu telefonema, esperando que este seja o último.
- Se realmente você quer morrer, tecle o 0. É o IML... Ou aguarde a telefonista.
- Alô? Maria, telefonista do CRV, às suas ordens!
- Maria? Maria eu quero morrer! Suicídio!
- Em que posso ajudar?
- Quero achar o melhor jeito, o menos doloroso!
- Todos doem muito.
-... Tiro na cabeça!
- Patético! Quer chamar atenção. Vai sujar o tapete da casa!
-... Me jogar de um edifício!
- Espetacular, mas pode ferir alguém na queda, amassar carros e perturbar a ordem pública!
- Enforcamento!
- Você vai ficar roxo! È horrível! E a língua de fora? Você já pensou que vão tirar fotos suas?
- Cianureto... Posso tomar cianureto?    
- Dói demais! Depois, não é fácil encontrar. Isso é coisa de nazista! Use coisa mais democrática, pelo menos!
- Também posso me jogar diante um automóvel...
- Sem saber se o carro tem seguro? E o transtorno que vai causar ao dono do veiculo?
- Sendo assim, como é que eu faço pra morrer?
- Tenha paciência, espere a morte. Ela não falha. E você somente vai encher o saco de sua família por mais algum tempo. Tenha uma boa noite!  

Postado por: Maria Luíza Alves de Medeiros.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dica de Filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain



Nome Original: Le Fabulex Destin d'Amélie Poulain
Lançamento: 2001(França)
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Serge Merlin. 
Roteiro: Jean-Pierre Jeunet e Guillaume Laurant.
Produção: Jean-Marc Deschamps 
Trilha Sonora: Yann Tiersen
Fotografia: Bruno Delbonnel
Direção de Arte: Volker Schäfer
Figurino: Madeline Fontaine e Emma Lebail. 
Distribuidora: Miramax Films
Duração: 120 minutos
Sinopse: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa, e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.



terça-feira, 17 de maio de 2011

A representação da natureza no Romantismo

Generalizando pode-se dizer que a natureza nas obras do Arcadismo (estilo literário anterior ao Romantismo) é retratada sem vida, com um papel secundário e alheio aos sentimentos do homem. Teoricamente, foi no Romantismo que a relação expressiva entre o ser humano e a natureza se consolidou. O fragmento seguinte retirado do poema Canção do Exílio (já utilizado em uma postagem mais antiga), do autor Gonçalves Dias, demonstra essa interação com a paisagem de maneira direta porque é através da mesma que o eu-lírico descreve e exalta o Brasil:
Canção do Exílio (fragmento)
 Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Porém alguns textos, considerados árcades pelo período histórico em que foram produzidos, trazem a natureza com uma posição de destaque e não apenas como um simples pano de fundo. Um exemplo é O Uraguai, poema épico de 1769 de Basílio da Gama, que critica drasticamente os jesuítas e tem o enredo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro. Neste fragmento do poema, a natureza parece anunciar o evento trágico que vai ocorrer e de certa forma, se envolve com esse acontecimento. Esse provável anúncio feito pela natureza é visto principalmente nos primeiros versos:
A morte de Lindóia (Canto IV – primeiros versos)

Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe.


Fonte:



Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima

sábado, 14 de maio de 2011

Dica de Filme: (500) dias com ela


Nome Original: (500) days of Summer
Ano de Lançamento: 2009
Direção: Marc Webb
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Chloe Moretz.
Roteiro: Scott Neustadter e Michael H. Weber.
Produção: Mason Novick, Jessica Tuchinsky, Mark Waters e Steven J. Wolfe.
Trilha Sonora: Mychael Danna e Rob Simonsen
Fotografia: Eric Steelberg
Direção de Arte: Charles Varga
Figurino: Hope Hanafin
Distribuidora: Fox Searchlight Pictures
Gênero: Comédia romãntica 
Duração: 96 minutos
Sinopse: Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) está em uma reunião com seu chefe, Vance (Clark Gregg), quando ele apresenta sua nova assistente, Summer Finn (Zooey Deschanel). Tom logo fica impressionado com sua beleza, o que faz com que tente, nas duas semanas seguintes, realizar algum tipo de contato. Sua grande chance surge quando seu melhor amigo o convida a ir em um karaokê, onde os colegas de trabalho costumam ir. Lá Tom encontra Summer. Eles também cantam e conversam sobre o amor, dando início a um relacionamento.




Compre aqui o DVD ou blu-ray: http://migre.me/4xF8q


Postado por: Mariana Cunha 

Apartamento

Acordou com a sensação incômoda de estar sobrando no apartamento. Os músculos doíam, respirava com dificuldade. Abriu lentamente os olhos, fez um gesto de levar a mão ao rosto, mas o braço nem sequer se mexeu: estava entalado no corredor, os dedos roçando a minúscula porta do seu quarto. Notou que o mal-estar era causado pela posição (de cócoras) e por se encontrar totalmente envolto pelas paredes, teto e chão da sala, as costas voltadas para a varanda do 8º andar.

Qualquer movimento mínimo, ir para frente, recuar, encolher os braços, uma tentativa que se anulava com barulho de móveis esmagados. O apartamento estava vazio? Onde se enfiara a mulher? E a governanta? Estariam do mesmo tamanho? Veio um arrepio de pânico na nuca. Lembrou apenas que tinha dormido no sofá – esmagado pelo dedão – com a tv de plasma ligada. Ali estava a tv, parecendo um desses brinquedos japoneses de ávidos miniaturistas. Quando tentou tocar com o dedo mindinho, um barulho de cream-craker: a tela em cacarecos.

Sentiu todas as suas funções vitais, a respiração pausada, o coração acelerado. Começava a duvidar se aquilo ali era um apartamento, se não era uma brincadeira de amigos, uma maquete tecnológica. Bastaria arquear os ombros e a tampa sairia dos encaixes e ele apareceria no meio de rostos conhecidos ou talvez num show de mágica, sabe-se lá. Mas constatou, assustado, que o teto ruíra um pouco acima de sua têmpora. E, susto, a outra mão enfiada até o fundo da cozinha, sentia a vibração inorgânica de uma máquina de lavar.

Alias, bastava respirar um pouco mais forte: o deslocamento de ar já derrubou alguns quadros na parede. Ele não teve dúvidas. Estava numa reprodução exata do seu apartamento, um brinquedo de última geração com capacidade para simular o mais extenso aparato de uma realidade. E já estava se cansando da brincadeira e prestes a tomar uma atitude mais drástica (suas costas doíam mais e mais) quando a porta da frente fez um barulho e a maçaneta começou a girar. 
Agora sim, ele veria mais uma função, talvez movida à pilha.

Em vez disso entrou um dedo: fez uma pequena inspeção às cegas, encontrou uma série de botões e foi desligando pouco a pouco a luz matinal, a corrente de ar, as vibrações do apartamento, o sistema de travas, o alarme, além da dor nas costas, a sensação de claustrofobia e – último impulso do pânico – sua consciência.


André R. Dias
Fonte: Histórias de Sábado, pág.17

Postado por: Maria Luíza Alves de Medeiros

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ariano Suassuna

            Falarei agora sobre Ariano Suassuna que é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, além dele ser romancista e poeta brasileiro. Ariano nasceu  em João Pessoa, em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o governo da Paraíba e a família passa a morar no sertão, na Fazenda Acauhan.
            Com a Revolução de 30, o pai de Ariano foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral.
            A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol.
            Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de um Coração em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país.
            Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia.
            Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Aposenta-se como professor em 1994.
            Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976).
            Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris Causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte (2000).
            Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José de Alencar.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Ariano_Suassuna

Postado por: Sílvia Claudino Martins Gomes

terça-feira, 10 de maio de 2011

O narrador no Romantismo

                O Romantismo foi um estilo de época em que as obras têm o foco narrativo na terceira pessoa, apresentando um narrador onisciente. Esse tipo de narrador sabe o passado, o presente e o futuro das personagens, podendo se envolver na narrativa emocionalmente e até alterar o texto para a primeira pessoa. Quando isso acontece, o narrador faz uso do discurso indireto livre. Assim, o enredo se torna plenamente conhecido, os antecedentes das ações, suas entrelinhas, seus pressupostos, seu futuro e suas consequências. Com base nessas informações, façam uma análise deste fragmento do livro  Inocência e do livro Senhora,  respondendo se o narrador dessas obras é onisciente ou não. Coloquem  justificativa.

“Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocência de beleza deslumbrante.  Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compridos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces.  Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado."
                                                                            Visconde de Taunay,  Inocência

“Seixas aproximou-se do toucador, levado por indefinível impulso; e entrou a contemplar minuciosamente os objetos colocados em cima da mesa de mármore; lavores de marfim, vasos e grupos de porcelana fosca, taças de cristal lapidado, jóias do mais apurado gosto. À proporção que se absorvia nesse exame, ia como ressurgindo à sua existência anterior, a que vivera até o momento do cataclismo que o submergira. Sentia-se renascer para esse fino e delicado materialismo, que tinha para seu espírito aristocrático tão poderosa sedução e tão meiga voluptuosidade.
Todos esses mimos da arte pareciam-lhe estranhos e despertavam nele ignotas emoções; tal era o abismo que o separava do recente passado. Era com uma sofreguidão pueril que os examinava um por um, não sabendo em qual se fixar. Fazia cintilar os brilhantes aos raios de luz; e aspirava a fragrância que se exalava dos frascos de perfume com um inefável prazer. "
                                                                          José de Alencar, Senhora


Fontes :

TAUNAY, Visconde de. "Inocência".São Paulo: Editora Paulus, 2005.
ALENCAR, José de. “Senhora”. São Paulo: Editora Paulus, 2005.

Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mais poesia romantica!

       Para exercitar e fixar, está a seguir uma poesia romântica de Casimiro de Abreu.  Já estudamos outros textos de Casimiro como: meus oito anos (ver livro)Nesta poesia observamos a sonoridade e a exaltação á figura feminina; os dois vídeos mostram duas diferentes formas de lê-la, no primeiro vemos que o narrador nos transmite a ideia da agitação, da dança, do movimento provocado pela euforia, já no segundo observamos a dor, a perda e o sentimento da personagem:



Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,                                                                                           
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!


Gostaram da poesia? Comentem! E o blog trará surpresas futuras... Aguardem!