sábado, 5 de novembro de 2011

Reflexão da poesia épica portuguesa:''Os Lusíadas"

          As proporções dessa obra e a linguagem arcaica(antiquada) podem, de início, afastar o leitor de hoje. As principais dificuldades encontradas na leitura são os termos antigos utilizados, a sintaxe truncada e o grande número de informações mitológicas e históricas. Mas é possível compreender os principais elementos, porque o poema épico tem como finalidade narrar a própria história, ou feitos heroicos que estão no terreno da mitologia. As descrições são minuciosas, abrangendo todos os detalhes da paisagem, as cenas de batalha e as vestes dos guerreiros.
          Os Lusíadas, grande poema épico de Luís de Camões, foi publicado em 1572, durante o Renascimento em Portugal. Nesse período, os autores buscavam sua inspiração na cultura da Antiguidade greco-latina.Eneida, de Virgílio, que narra a fundação de Roma e outros feitos heroicos de Enéias, e a Odisséia, de Homero, que conta as aventuras do astucioso Ulisses, foram certamente as maiores influências de Camões.
   Em dez cantos, subdivididos em estrofes de oito versos decassílabos, Os Lusíadas trata das viagens dos portugueses por “mares nunca dantes navegados”.Uma das características da épica é a narração de episódios históricos ou lendários de heróis que possuem qualidade superior.
       O poema de Camões é composto de cinco partes: Proposição, Invocação, Dedicatória, Narração e Epílogo. Na Proposição — que aparece no Canto I, da primeira à terceira estrofe —, o autor nos apresenta o tema de seu poema: a viagem de Vasco da Gama às Índias e as glórias do povo português, comandado por seus reis, que espalharam a fé cristã pelo mundo. A segunda parte – também no Canto I, quarta e quinta estrofes —,consiste na invocação das musas do rio Tejo, as Tágides(são as ninfas do rio Tejo a quem Camões pede inspiração para compor a sua obra Os Lusíadas, também são uma adaptação das Nereidas da mitologia greco-romana,as ninfas que vivem nos mares e nos rios. Estas habitam no rio que deságua em Lisboa, Portugal).Camões roga-lhes que, como musas, o inspirem e que o ajudem a cantar os feitos do povo português.Na Dedicatória — Canto I, da estrofe 6 à 17 —, o poeta, após inúmeros elogios, dedica a obra ao rei Dom Sebastião, a quem confia a continuação das glórias e conquistas que serão narradas em seguida.Na Narração, o poema propriamente se desenvolve — do Canto I, estrofe 18, ao Canto X, estrofe 144. Nela, é contada a navegação de Vasco da Gama às Índias e as glórias da história heroica de Portugal.O Epílogo – Canto X, estrofes 145 a 156 —Esta parte dá um desfecho ao poema e consiste num lamento do poeta, que, ao deparar com a dura realidade do reino português, já não vê muitas glórias no futuro de seu povo e se ressente de que sua “voz enrouquecida” não seja escutada com mais atenção.

O poeta entrelaça considerações e critica a sociedade do seu tempo:

- fragilidade da vida humana,face aos grandes perigos enfrentados no mar e na terra
- desprezo a que as Artes e as Letras são frequentemente votadas pelos portugueses
- valor das glórias e das honras,quando obtidas por mérito próprio;os modos de atingir a imortalidade,através dos valores elevados e genuínos
- mágoa causada pela ingratidão da sociedade
- crítica ao materialismo,que corrompe
- decadência da pátria;a “austera apagada e vil tristeza’’
- dedicatórias e exortações ao rei D. Sebastião


Postado por: Guilianne Araújo Morón Via

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