quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Camões e a Literatura Portuguesa

          Luís Vaz de Camões foi o escritor responsável pela erudição do Português e por atribuir à nossa língua um papel de proximidade do latim. Suas obras podem ser líricas ou épicas, e na retratação dos temas, em geral, é abordado o neoplatonismo amoroso. O Amor é visto como um sentimento puro e perfeito, concordando com o conceito do Classicismo.
          Dentre os vários textos de Camões, se destacam Os lusíadas e o soneto 11 - O Amor é o fogo que arde sem se ver. Ambos possuem intertextualidades, em que o poema é visto na terceira estrofe da música Monte Castelo de Legião Urbana com a finalidade de reforçar as reflexões sobre o sentimento amoroso.Já o canto de louvor português é comparado com as obras de Fernando Pessoa (A mensagem) e de José Saramago (Memorial do Covento). Em muitas passagens da obra de Saramago, o narrador cita textualmente palavras do episódio do Velho do Restelo de Os lusíadas, visando a criticar o mesmo aspecto de vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticara. Esses são os trechos:

“Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão aclamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, aquém eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade”.
                                                             -    Trecho de Memorial do covento
Ó glória de mandar , ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C´uma aura popular que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
                             -
  Trecho de
Os lusíadas


         Interpretando essa estrofe de Os lusíadas podemos concluir que os termos "fama" e "glória" são usados, na opinião da personagem, para enganar o povo, para que este perceba que, por trás de palavras enobrecedoras, estão a cobiça fútil, a vaidade leviana e os perigos. Tal crítica também é apontada no trecho acima de Memorial do covento e em outro texto de José Samarago, Fala do Velho do Restelo ao Astronauta, disponível neste link: http://blogdospoetas.com.br/poemas/fala-do-velho-do-restelo-ao-astronauta/
A  intertextualidade com a Literatura Camoniana fazem as obras ainda mais clássicas porque são retratadas em todos os tempos.

Postado por: Thayana Maria Navarro Ribeiro de Lima

Um comentário:

  1. Exatamente, Thayana.
    As representações, as versões e as releituras de textos são características das obras de artes. A intertextualidade é uma forma, também, de os autores manterem o diálogos com épocas e estilos diferentes, ora para refutar, ora para atualizar, ora para refletir etc.
    É interessante ver, também, como a obra "Os lusíadas" foi representada ou é representada por outras linguagens: músicas, pintura, cinema, adaptações etc.
    Um abraço!

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