sábado, 5 de março de 2011

[Busque Amor novas artes, novo engenho] - Luís Vaz de Camões

Camões feito por Fernão
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê. 

(CAMÕES, Luís Vaz de. In: Lírica. Seleção, prefácio e notas
de Massaud Moisés. São Paulo: Cultrix, s/d, p. 112) 

Postado por: Filipe Burity Dias 

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