quarta-feira, 20 de abril de 2011

Inocência - Visconde de Taunay

Inocência se passa nos sertões do Mato Grosso e nos conta a história de Cirino, um médico charlatão, que em sua jornada cruza caminho com Pereira, um sertanejo machista e ignorante, que logo o convida para o conforto de sua casa em troca de seus favores médicos para a sua filha Inocência. Os dois se apaixonam, porém Cirino oculta seus sentimentos ao mais novo amigo.
Pereira acaba acolhendo mais dois viajantes à sua humilde casa, o alemão Meyer e o seu companheiro, que viajavam pelos sertões em busca de borboletas, e que traz consigo uma carta de recomendação endereçada à Pereira, de seu irmão mais velho.
Logo, Pereira o acolhe como alguém da família, o apresentando a filha, que alheio aos costumes sertanejos passa a elogiá-la, gerando desconfianças da parte de Pereira, que passa a vigiá-lo de perto. Aproveitando a oportunidade, Cirino passa a se aproximar mais da garota, cada vez mais apaixonado, chegando a até a querer compartilhar o sofrimento de sua doença.
O amor os consumia a fogo lento, mas como podiam se amar abertamente, se a idéia era reprovada por seu pai?
Com a descoberta de um novo espécime de borboleta, dada o nome de Papilio Innocentia, em homenagem à própria garota, Meyer decide partir e acaba dificultando os encontros noturnos entre o casal apaixonado, já que a atenção de Pereira seria voltada a Cirino. Em um último encontro, ela lhe pede que fale com seu padrinho para que por eles interceda.
Enquanto Cirino está fora, Manecão, o noivo de Inocência, retorna e ela demonstra toda sua repulsa sobre o casamento. Desonrado, ele sai à procura daquele que poderia ter enfeitiçado sua noiva, e descobre a verdade por um dos criados, o anão Tico, que ficava a espreita durante os encontros entre os amantes.

  “Decididamente lhe agradava aquêle médico: curava do seu corpo enfermo e entendia-lhe com a alma. Raros homens que não seu pai e Manecão, além dos pretos velhos, tinha até então visto; mas a ela, tão ignorante das coisas e do mundo, parecia-lhe que ente algum nem de longe poderia ser comparado em elegância e beleza a esse que lhe ficava agora em frente. Depois, que cadeia misteriosa de simpatia a ia prendendo àquele estranho, simples viajante que via hoje, para, sem dúvida, nunca mais tornar vê-lo?”

    Inocência é um romance de transição entre os movimentos Romântico e Naturalista, possuindo assim características de ambos os movimentos. Foi um dos romances mais singelos e cativantes que já li, e que possui grande peso, já que contribuiu para que me apaixonasse, de fato, pela Literatura Brasileira.
Visconde de Taunay consegue nos cativar com sua minúcia de detalhes e a forma como explora o rico cenário do sertão do Mato Grosso, fazendo menção aos costumes e a linguagem regional, e a cada descrição de personalidades, desde a doce e pura Inocência até o atrapalhado alemão Meyer.
A obra retrata o amor inocente entre os dois jovens Cirino e Inocência, que muitas vezes é considerado impossível, já que não condiz a vontade do pai dela. Vemos também a formação de triângulos amorosos, dependendo do personagem referencial. Não considero uma obra clichê, mesmo que o tema seja o comum: amor impossível. Há diferenciais, mesmo que estes sejam os costumes sertanejos.
Um dos temas abordados que mais me chamou atenção, e me desagradou, foi a descrição machista da figura feminina como submissa, destinada a apenas cuidar da casa, dos filhos e de sua costura. Observamos diversas vezes, o próprio Pereira falando de sua filha. Mas não podemos esquecer de que se trata de uma obra do século XVIII.
Recomendo a obra por ter um excelente enredo, além de ser de fácil entendimento. Bom, quem possuir interesse em ler Inocência, encontramos ela disponível para download e, fazendo uma pesquisa, encontrei diversos exemplares da obra na biblioteca da escola.   

 
Postado por: Laís Costa Guerra

4 comentários:

  1. Ahh, mais um pra minha listinha 'tenho que ler'. Muitas pessoas me indicam, agora vou tomar vergonha e ler.
    Natália Oliveira

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  2. Yey!!!!
    Esse post tá óootimooo!
    Amei, amei, amei, amei!
    Vou ler Inocência, agora.
    Com certeza.
    Laís arrebentoooou!
    Mto legaaal!
    Erika Bombinho

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  3. Esse livro é muito bom. Eu o li ano passado e foi um dos melhores que eu li até hoje. Apesar de ser um amor trágico é muito bom de ler. O filme também é ótimo. E o bom do filme, é que ele nao muda nada que está presente no livro, ao passar para cinema. Muito bom.

    Filipe Burity Dias

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  4. Já li esse livro. Gostei dele, apesar de ter uma escrita um tanto monótona, a história é legal. E é um livro importante para a literatura. :)

    Débora Silva Ramos

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